Entre elas o sol rasgava sonhos

Fui buscar Sigur Rós para poder escrever esta fotografia, não fazia sentido brincar à música na hora de se escreverem coisas a sério.
Foi no domingo que nos cruzámos pela primeira vez, eram umas 15 horas e o manto verde estava coberto por nuvens, muitas e dispersas que prometiam chuva. Entre elas o sol rasgava e pousava sobre os montes como se eles pudessem sentir-lhe aquelas partículas feitas de luz.
Eu estava lá, levava apenas o telemóvel e sentia-me limitado para poder expressar da forma que melhor sei tudo o que avistava.
As montanhas podiam ser na Nova Zelândia, as curvas que intervalam os montes podiam ser os vales na Escócia ou no País de Gales e a vegetação podia ser Canadiana.
Ouvia água junto a mim, parecia uma nascente. E era...era uma nascente que vinha do alto e trazia água, a da chuva a outra e fazia com que tudo ficasse ainda mais verde.
Respirei e era oxigénio, mas em quantidades incríveis.
Suspirei e lembrei-me que o horizonte podia parar ali, diante do que os meus olhos viam, porque seria suficiente, estaria eu perto do que pode ser perfeito.
Abstraí-me do barulho da água e ouvi um cuco, tentei perceber de onde vinha o som, mas sem sucesso. Saudei-o com admiração, a mesma que prestava à natureza.
Como pode ser tão simples e imponente ao mesmo tempo?
Prometi voltar, como fica a 5 minutos de casa se for a correr ou se fosse o Obikwelu.
E voltei ontem por duas vezes, primeiro com a minha Mãe, para lhe mostrar, só mesmo para isso. Que a Mãe natureza nunca estará ao alcance da Mãe a sério, mas que nos pode surpreender.
E depois...mais tarde, ao pôr do sol, para conseguir as cores que trouxe nesta fotografia.
Quem não tem um contacto permanente com a natureza não vai perceber isto, mas : o cuco ainda lá estava e sentia-lhe o som, o vento soprava lentamente, era brisa.
Ao fundo permanecia tudo intacto, as cores, os sons, até o sol que esbatia ao longe sobre aquele manto verde que intervala as montanhas com o rio, sim porque ali ao fundo onde bate o sol, passa o Rio Zêzere.
Despedi-me cordialmente do cuco, com um " até logo ", passei água na cara, só para me refrescar, acenei com gratidão a tudo isto e voltei, voltei com esta fotografia que tem tanto de bonito como de saudável, porque se inspirarmos neste momento...entrará oxigénio nos nossos pulmões.
Voltei a escrever com o coração inteiro, porque existem momentos que nos devolvem a paz e nos fazem sorrir por dentro e gargalhar por fora.
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