Emile

Ando há semanas para escrever esta fotografia. Ainda não a tinha conseguido escrever, porque escrevo tudo impulsivamente e de momento, reconheço que nestas linhas ainda nem sei o rumo que lhe hei-de dar...mas vou chamar-lhe Emile.
Calma, culta, coerente, cativante, correcta, podiam ser todos adjectivos que a definem e todos iniciados por apenas uma letra do alfabeto, mas ela é muito mais... é "C"urta de palavras porque prefere observar, convive com o mundo apenas com o olhar e interpreta o pensamento se apenas se concentrar nas pessoas. Isso faz de Emile uma pessoa inegavelmente sensivel e secreta, serena também ..e estaríamos a defini-la com outra consoante.
Escreve por paixão, rasura em todos os sitios...basta que exista uma pausa e o tempo lhe oriente os sentidos.
Estávamos em Eindhoven e fiz o mesmo que ela costuma fazer : abordei-a com o olhar e retive-a com sensibilidade.
Era uma tarde de sol e Emile aproveitou apenas o tempo para ganhar inspiração, procurou 1 metro quadrado e escreveu 3 capitulos de um Romance inesperado, porque Emile não escreve romances.
Deixou de acreditar no amor há 3 casamentos atrás, quando o último marido foi comprar um carro novo e fugiu com ele e com uma menina da idade da sua filha.
Desacredita nos valores actuais dos jovens e acredita na educação antiga, com regras mais rigidas, pensa que a liberdade excessiva resgatou os valores aos jovens. Eles podem ser irreverentes, podem ser destemidos, podem querer afirmar-se...mas precisam de valores ( eu concordo com ela ).
São 15 horas e ela está num intervalo do trabalho, dá aulas na faculdade de letras de Eindhoven, daqui a 1 hora ela volta para as aulas com mais 3 capítulos e eu já estarei fora da Holanda, a sobrevoar um céu que me touxe a Portugal ( porque foi exactamente isto que aconteceu ).
Emile foi das últimas pessoas com quem me cruzei na Holanda...e estou grato por isso.
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