O amor à chegada

Combinaram encontrar-se, na estação para passearem pela cidade, para que entrelaçassem as mãos, numa tarde sem fim, onde o local e o tempo seria o amor que os une.
Vi chegar o Robert, o barulho do comboio nos carris era da intensidade das batidas do seu coração, é assim quando está perto de Laura.
Ela já se fazia avistar, falavam ao telefone para que não perdessem os primeiros segundos e olhares, para que se cruzassem num primeiro impacto, só deles.
Ele, disse-lhe que estava a chegar e ela sorriu e não parou mais até as portas do comboio se abrirem e poderem dar um abraço interminável.
Olhei-os, percebi que estavam sozinhos, mesmo que rodeados por uma multidão, percebi que se amavam com a mesma intensidade do primeiro dia, e vaticinei-lhes muitos anos de amor.
As estações de comboios e a paixão quando transformada em amor, parecem ter uma história longa e na maioria das vezes os finais nem são felizes, porque levam a despedidas. Foi também por isso que enchi o coração com aquele abraço, que senti que o amor se faz também de chegadas.
Naquela tarde, o cupido era senhor de uma estação e eu o veículo que os imortalizou num retrato.
Findado o abraço, deram as mãos, voltaram-me as costas (com a minha devida autorização) e partiram para se amarem pela cidade.
Robert vive no sul da Holanda e Laura em Amesterdão, o comboio encurta-lhes a distância que o coração não sente.
De Amesterdão com Amor.
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