Ao amanhecer

Esta é uma daquelas. Das que me arrebata os sentidos, me resvala no coração e me arrepia.
A intensidade da primeira luz do dia vinha através de pequenos raios, ainda não eram 7h da manhã.
O silêncio era intermitente ao chilrear e a meia dúzia de corvos que costumam chegar nestes dias frios.
O sino badalou as 6h45 e apanhou-me desprevenido, estava demasiado concentrado num horizonte tomado pelo nevoeiro que cobre o Zêzere. Tremi, mas voltei a mim segundos depois.
Acredito que as manhãs agitadas são bonitas e nos fortalecem no contacto com um mundo cheio de pessoas. Mas sou da opinião de que quando ela se aproxima em silêncio e o contacto se dá com a natureza é tudo maior. As consequências trazem brilho nos olhos e os efeitos secundários dão origem a pela de galinha.
Se enchermos o peito e inspirarmos depois de expirarmos, ganhamos segundos aos minutos e horas ao tempo.
É por isso que num dia destes quando a magia for a única regra da manhã, a luz compreenderá a impossível compreensão do amor. E...
"Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade."
https://www.youtube.com/watch?v=rFZT_VoOssw
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